quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Vestigios de tempestade



Nuvens retornam 
do sopro de Deus quando criança
e no céu se faz novembro
Gira poeira gira no ar os cabelos, as cortinas das casas,
o pensamento que se veste em lembranças, vestidos floridos, corpo, mulher, olhar
e o sopro arranca e despe em agora
em mais nada agora


Em gotas vestígios de tempestade e adeus
exalam um perfume, fazem a hora de todo erro ser acerto

São nuvens e em mim desde o novembro em que nasci
arrastam os caminhos traçados
criam estradas sem fim
E tão belas me anunciam num sopro alado de canção
que até água vem do céu










segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Na casa de mim mesma



Vim morar na casa de mim mesma
Uma brisa entra pela janela entoando em frescor os velhos sonhos
As cores são mornas, tranquilas
As paisagens as mesmas da infância 
Cada uma refletida num espelho límpido
Verdes montes, carros-de-boi, besouros e o rio que corre
Na casa de mim mesma por nada espero ou anseio
Sei a hora certa de despertar 
 E observo a felicidade que sobrevoa o silencio e a solidão dos montes
E tão simples ela
Como o abrir dos olhos 
Os delicados cílios que se levantam à grandeza de ver
Vim morar na casa de mim mesma e nem me lembro se já estive longe
Nesta casa  não existem mágoas e a chuva é bela em suas canções de amor.